segunda-feira, junho 11

E agora, José?

Trabalho integrado de Língua Portuguesa e Espanhol, Professoras Jonê e Sávia, respectivamente. A partir do livro de Espanhol Saludos do 8º ano, a Professora Sávia trabalhou o poema de Carlos Drummond de Andrade em Língua Espanhola e chamou a Professora Jonê a participar da atividade com a turma 1801.
Na aula de Língua Portuguesa, os alunos assistiram a vários vídeos com a versão musicada do poema, na voz de Paulo Diniz (década de 70). A partir daí , os alunos foram instigados a produzirem outras imagens/interpretações para o poema de Drummmond.

 JOSÉ

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,


seu terno de vidro, sua incoerência,
seu ódio - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, pra onde?



Veja como ficaram as releituras feitas pela turma: